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Acesso em 22/12/2024 às 00h25.

A pessoa certa no lugar certo

Artigo do Engenheiro Civil Jeferson Antonio Ubiali, gerente da Regional Apucarana do Crea-PR

7 de agosto de 2020, às 8h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

O mês de julho foi marcado por acidentes em obras de diferentes regiões do Paraná, que resultaram em cinco feridos e uma morte. Estes incidentes nos fazem refletir sobre a legislação existente que envolve a responsabilidade técnica na execução de obras.

Quando os conselhos profissionais foram criados, o principal objetivo foi a proteção da sociedade com a garantia de que somente pessoas habilitadas participem na execução de atividades de alta complexidade primando,  sobretudo, pela segurança dos trabalhadores e usuários. Proteger a vida dos operários durante a edificação, bem como as dos usuários depois de pronta, são papéis indispensáveis dos responsáveis técnicos envolvidos.

Quando um profissional habilitado se responsabiliza por uma atividade de Engenharia, por exemplo, é ele quem deve ditar todo o regramento a ser seguido, garantindo o emprego da melhor técnica, materiais e métodos, que estejam adequados às normas técnicas existentes no Brasil. O profissional deve também estar presente em todas as etapas e assegurar o bom funcionamento do serviço. Porém, vale lembrar, que a complexidade das obras são variadas e, muitas vezes, são necessárias técnicas específicas e mão-de-obra especializada. Ou seja, não tem sentido um profissional se responsabilizar por aquilo que não domina.

O Crea-PR busca, por meio da fiscalização, que o profissional participe efetivamente do andamento da obra. Entretanto, percebemos que algumas vezes a legislação é atendida com a contratação de um profissional habilitado, mas nem sempre este profissional tem a devida qualificação para aquela complexidade. Identificamos ainda, casos em que o profissional nem sempre está presente no canteiro.

A simples habilitação do profissional e a elaboração da documentação obrigatória não são garantias suficientes para se ter uma construção segura, já que é preciso complementá-los com a participação constante de um profissional no canteiro de obras. Observamos situações em que as construções estão totalmente legalizadas, mas acontecem erros básicos, primários, que facilmente seriam evitados se o profissional tivesse acompanhado minimamente o andamento dos trabalhos. Esses erros têm gerado situações gravíssimas e causado, inclusive, acidentes fatais.

O papel do Conselho é verificar a habilitação do profissional, não relacionando a complexidade da obra com as qualificações que o mesmo possui. A sociedade tem autonomia para contratação do profissional, e é ela quem deve selecionar o critério da contratação e estar atenta a qualificação e técnica.

Então, fica o alerta: é necessário que as pessoas estejam atentas no momento da contratação do serviço com uma investigação a respeito do profissional, se é de fato habilitado e participativo. Nos casos de dúvida, procure o Crea da sua região ou encaminhe uma denúncia.

Não se deixar levar somente pela questão financeira, pois há etapas fundamentais a serem cumpridas. A economia exagerada fatalmente implicará em correções que trarão maior custo final. Precisamos das pessoas certas no lugar certo e com o investimento devido.


Comentários

  1. Leandro José Felini says:

    Olá Engenheiro Jeferson.
    Parabéns pelo artigo, muito preciso e direto.
    Lembro de quando conversávamos sobre ética e atribuições, e pelo visto você continua levando isso muito a sério com essa bela profissão, continue assim.
    Parabéns e sucesso!
    Forte abraço!

  2. Olá Jeferson!
    Parabéns pela matéria!
    Nos faz refletir sobre a responsabilidade do profissional de engenharia sobre as condições de segurança, pois os acidentes não ocorrem por a caso.
    Vale reforçar a importância da contratação de engenheiros de segurança do trabalho para apoiar na gestão de riscos!

    Um abraço,
    Roberto Serta (APES)

  3. Lucia Helena A A Zandrini says:

    Parabéns pelas colocações, Jeferson!!! Como sempre, com ideias claras, objetivas! Aqui em Londrina, temos encontrado dificuldades semelhantes na esfera judicial. Os recém-formados, devido à dificuldade de encaixe imediato em mercado de trabalho, se cadastram nas Varas judiciais como peritos. Muitos, que sequer fizeram estágio em obra, aceitam participar como Peritos judiciais em casos complexos, emitindo pareceres sem qualquer embasamento técnico. É o mesmo caso, são habilitados mas não possuem a visão técnica e experiência mínima para o encargo. No caso, os juízes deveriam filtrar, aqui já tivemos uma luta árdua não permitir profissionais de outras áreas atuando em perícias de eng. civil… Um abraço!!! Parabéns pelo trabalho e sucesso!

  4. Angelita Prandel says:

    Parabéns pela matéria Jeferson. Muito bom!

  5. José Aparecido Leal says:

    parabéns pelas colocações, precisamos cada vez mais preservar os bons profissionais.

  6. Marco Antonio Ferreira Finocchio says:

    Excelente colocações de forma simples e direta da problemática. Parabéns pelo trabalho e sucesso.

  7. Eliane do Prado says:

    Grande Engenheiro Jeferson, ex colega de faculdade em Cascavel. O que ocorre é que os profissionais da Engenharia civil, a cada ano que passa, perdem a valorização de seu trabalho e do prestígio profissional. O piso mínimo em boa parte, não é respeitado, até mesmo em órgãos públicos que deveriam ser exemplos, lançam editais com salários bem abaixo do piso. Os profissionais necessitam de vários trabalhos, para fecharem o orçamento no final do mês. E isso nem sempre, gera qualidade. Até mesmo os profissionais, não respeitam uma tabela mínima de valores. Não sei também se o CREA disponibiliza uma tabela básica de valores de trabalho, principalmente os profissionais recém formados. Na minha opinião, há muito que se repensar e fazer para os próximos anos. Abraço.

  8. jose francisco doniak says:

    Como hoje a grande maioria da população já sabe que qualquer serviço de engenharia tem que ter um responsável técnico e que o objetivo dos conselhos é proteger a sociedade, o que o conselho (CREA) deveria priorizar, seria a fiscalização da permanência efetiva dos profissionais nas empresas prestadoras de serviços e também nos canteiros de obras.
    Como exemplo hoje temos os conselhos das farmácias CRF), para as farmácias estarem abertas ela precisa da permanência de um profissional (CRF) em todo o período de abertura.

    • A grande maioria da população não sabe da importância do serviço de engenharia. Apesar dos valores de serviço de engenharia estar aviltado, a população não consegue ter acesso a esses serviços, recorrendo ao “faz tudo”, de preferência o mais barato possível. O mais preocupante é ver empresários, de vários ramos, fazendo o possível para não contratar engenheiros, colocando outros “profissionais”, sem preparo, sem conhecimento, tentando e errando, nas diversas atividades de engenharia. Enfim desvalorizam os serviços de engenharia. Isso é o que tanto ouvimos de produtividade do brasileiro, que ainda é baixa. Acidentes acabam acontecendo diariamente por conta deste comportamento. Infelizmente a qualidade de alguns engenheiros também não ajuda a este cenário, que assumem atividades para o qual não tem preparo. Com este quadro podemos esperar por tragédias. Então fica a pergunta: o que o CREA fará para conscientizar a população da necessidade do serviço de engenharia? Assim quem sabe os engenheiros tenham e devido valor.

      • Comunicação Crea-PR says:

        Olá, Augusto. Tudo bem?

        Além da nossa fiscalização ostensiva em todo o estado, o Conselho está sempre promovendo campanhas de conscientização da população e de valorização dos nossos profissionais registrados, um dos exemplos é o trabalho da nossa Assessoria de Imprensa, que semanalmente aborda na mídia estadual pautas sobre a importância do profissional habilitado na sociedade. Desde o início deste trabalho, em 2018, já foram mais de 3 mil matérias (confira algumas: https://www.crea-pr.org.br/ws/clipping-institucional). Mas esse não é um trabalho simples, leva tempo. E com esse tempo tentaremos mudar a mentalidade da população que o melhor é o habilitado, não o barato.

        Agradecemos a contribuição!

        • Obrigado pela resposta. Já vi várias campanhas do CREA e parabenizo-as. Mas são insuficientes. Infelizmente talvez, mesmo que não sejam politicamente corretas, as campanhas devam ser mais agressivas mostrando as consequências desastrosas dos trabalhos executados por inabilitados. Bom trabalho a vocês.

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