Webinar esclarece dúvidas com relação a deriva de Agrotóxicos, proteção de abelhas e culturas sensíveis
15 de junho de 2021, às 16h00 - Tempo de leitura aproximado: 8 minutos
O Crea-PR e ADAPAR – Agência de Defesa Agropecuária do Paraná – realizaram nestas últimas semanas, nos dias 07/06 e 14/06, o Webinar “Deriva de Agrotóxicos, proteção de abelhas e culturas sensíveis”, evento on-line e gratuito que tinha como objetivo debater com profissionais que prescrevem agrotóxicos, comerciantes de agrotóxicos e aplicadores/produtores rurais, os efeitos dos defensivos agrícolas nas culturas mais sensíveis.
O primeiro Webinar aconteceu na segunda-feira (07), e trouxe diversos especialistas e produtores para discutir as culturas, além de abrir um extenso diálogo com os espectadores sobre agrotóxicos. O encontro começou com a fala de Otamir Martins, diretor-presidente da ADAPAR. “Agradecemos ao Crea-PR pela importante parceria neste diálogo. O tema tem sido muito discutido aqui no estado, e precisávamos discutir isso a nível de fiscalização. Precisamos estabelecer uma conversa entre produtores, gestores públicos e os órgãos de fiscalização. Aqui na ADAPAR tentamos fazer um trabalho importante de geoferenciamento, ação inclusive que ocorre junto ao Crea. Precisamos da participação da comunidade técnica! Bom evento a todos”, disse Otamir.
Em seguida, o diretor de defesa agropecuária da ADAPAR, Eng. Agr. Manoel Luiz de Azevedo, realizou uma explicação sobre a importância do tema. “As culturas são importantes, e precisamos dar essa atenção especial para o tema deste webinar. O paraná e um expoente na produção de alimentos, mas precisamos dar atenção para essas culturas mais sensíveis, como é o caso das abelhas, que vão desde o mel e seus derivados até a polimerização. Tomara que esse webinar seja esclarecedor tanto aos produtores que tem esses cuidados com defensivos agrícolas, quanto os que não tem esse cuidado”, comenta.
Complementando a fala do Eng. Manoel, o Eng. Agr. Rubens Niederheitmann, diretor-técnico da Agricultura e Abastecimento do Paraná – SEAB, frisou que é necessário não só discutir esse tema, mas investir no preparo dos profissionais. “Precisamos ter uma atenção não só com os produtores, mas os aplicadores também. Precisamos focar nos nossos vizinhos também. Precisamos investir em tecnologia, em estudo, em fiscalização em cursos, toda a cadeia precisa de comprometimento em uma melhora geral. Nós precisamos entender que o problema está aí e a solução está aqui! Vamos discutir e melhorar essa relação com a deriva na aplicação de agrotóxicos”, finaliza.
Confira como foi o primeiro dia de evento.
O Coordenador da Câmara Especializada de Agronomia – CEA – do Crea-PR, Eng. Agr. Marcos Marcos, deu sequência a abertura do evento falando sobre da importância da fiscalização realizada pelo Conselho nessas questões de agrotóxicos e culturas sensíveis. “Na condição de representante do Crea ressalto que o Paraná é elogiado em todo o país de como nós controlamos, fiscalizamos e orientamos os profissionais com relação as culturas e defensivos agrícolas. O Crea busca a efetiva participação do Engenheiro Agrônomo na atividade agropecuária. Esse trabalho vai muito além do que só o receituário agronômico. Existe a questão da rotação de culturas, adubação verde, o treinamento do agricultor e do aplicador de defensivos, toda uma cadeira de serviços que permeia este trabalho. Cabe sempre ao profissional fazer essa análise do campo, e ser responsável sobre o que será aplicado, tendo uma atenção especial ao entorno também. Toda essa análise cabe ao profissional registrado no Conselho. Mas, nós temos que ir além. Temos que focar parcerias e ajudar nessa qualificação de profissionais. O papel do Crea está para além de fiscalizar, mas está aqui para orientar e auxiliar os profissionais e produtores”, comenta Marcon.
Em seguida, Renato R.Y. Blood, gerente de Sanidade Vegetal da ADAPAR, falou sobre a fiscalização que é realizada pelo órgão e apresentou o SIAGRO – Sistema de Monitoramento do Comércio e Uso de Agrotóxicos do Estado do Paraná, plataforma da ADAPAR em parceria com o Crea-PR, que fornece informações de produtores, propriedades e culturas e também sobre a questão da mortalidade das abelhas pela falta de cuidado na aplicação de agrotóxicos. “Hoje o SIAGRO tem sido importantíssimo no nosso monitoramento do uso de agrotóxicos aqui no estado. A ADAPAR vem trabalhando cursos de capacitação dos nossos fiscais para compreender melhor os equipamentos de aplicação de agrotóxico, visando observar possíveis defeitos nos equipamentos; ações de educação sanitária e o atendimento a 100% das denúncias realizadas a adapar, relacionadas a apicultura ou não. É muito importante que os nossos profissionais estejam presentes em locais que algo foi aplicado incorretamente. Caso haja uma suspeita de contaminação por agrotóxico, deve entrar em contato com a Regional mais próxima para que o fiscal analise a área”, disse o gerente.
Nelson Jarger, diretor de Extensão Rural do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), seguiu no tema de fiscalização e abordou os desafios e a importância de ações integradas no combate as derivas de agrotóxicos no Paraná. “Este é um problema complexo e que exige estratégia por parte de nós. Precisamos de um plano municipal, estadual e nacional pensando neste tema. Trabalhei muito tempo com aplicação e sempre senti que precisávamos deste debate para resolvermos os problemas que temos hoje”.
Finalizando as apresentações, o produtor Joel Almeida Schmidt, comentou sobre a realidade do processo e como os órgãos podem auxiliar os produtores e profissionais responsáveis técnicos. “Temos tido diversos problemas. Um deles é a aplicação nas floradas. Existe uma indiferença por parte dos agricultores se eles estão afetando as culturas sensíveis, as abelhas, e tudo que está em volta de suas plantações. Temos que um tem que ajudar o outro. Temos que aliar essa polimerização, com a produção do mel, e a questão da agricultura. Esse debate regionalizado faz falta quando olhamos para o todo, espero que a partir dessa discussão que tivemos ações importantes de orientação e comunicação nasçam”, finaliza Joel.
Em seguida foi o momento de perguntas e respostas.
Confira como foi o primeiro dia de evento.
Já no segundo dia de evento, realizado na última segunda-feira (14), contou com a participação de diversos profissionais do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Abrindo o Webinar, o Eng. Agr. e Fiscal Estadual Agropecuário da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural – SEAPDR – do Departamento de Defesa Agropecuária DDA/MAPA, Rafael Friedrich de Lima, realizou uma fala sobre alguns projetos que ele comanda dentro do órgão, com destaque para o projeto “SIM-Abelhas”, que é realizado no Rio Grande do Sul. “O projeto visa o monitoramento e análise das abelhas aqui na região de forma remota. São diversos órgãos unidos em prol desse projeto. Monitoramos a quantidade de resíduos de agrotóxicos no mel, pólen e em abelhas campeiras, além de relacionar essas informações com diversas questões pertinentes”, comentou o Eng.
Matheus Mazon Fraga, Eng. Agr. e Gestor Divisão de Fiscalização de Insumos Agrícolas CidaSC, complementou a apresentação inicial contando um pouco sobre a importância das abelhas em Santa Catarina. “Temos no estado 6 toneladas de mel sendo produzidas. Estamos entre o 3°/4°produtor de mel no país, sendo 99% sendo orgânico, o que nos torna um dos maiores exportadores do brasil. Temos que entender que o papel das abelhas vai além da produção de mel, elas são responsáveis pelo sucesso da nossa lavoura. Temos aproximadamente 45 mil colmeias que são responsáveis pela polinização das nossas culturas. Não existe medida única a ser tomada. É necessária pesquisa, comunicação, fiscalização, medidas restritivas e legais, formalidade da atividade e a organização de todo esse processo”, frisou o engenheiro.
Confira como foi o segundo dia de evento.
Em seguida a fala do eng. Matheus, o mestre de cerimônias do evento, Eng. Agr. Marcelo Silva, comentou um pouco sobre a importância do mesmo. “Esse evento é uma entrega solicitada pelo Ministério Público, justamente para evitar que essas questões comentadas aqui continuem. Estamos aqui no dia a dia dessa defesa e precisamos do apoio dos profissionais e responsáveis técnicos. É mais fácil uma mudança colaborativa do que forçada. Precisamos encontrar ações estratégicas para atingir o pessoal da ponta, que são os agentes mais importantes neste processo. Precisamos evoluir nessa comunicação com o profissional”, disse o mc.
Continuando o Webinar, João Miguel Toledo Tosato, Eng. Agr., Fiscal de Defesa Agropecuária e coordenador do Programa de Agrotóxicos na ADAPAR, falou sobre as ações que são feitas no Paraná e como funciona a denúncia e fiscalização da Agência. “O profissional deve tomar cuidado ao realizar um diagnóstico específico de cada propriedade. A tecnologia é importantíssima para a aplicação segura dos agrotóxicos, mas falta um treinamento neste sentido. Temos as nossas principais reclamações aqui no estado relacionadas ao descuido com o bicho-da-seda, as culturas sensíveis (como a das uvas), moradias vizinhas e a morte das abelhas, isso tudo causado pela falta de cuidado na aplicação. Temos um acesso rápido no site da ADAPAR para realizar denúncias. Com ele os nossos fiscais conseguem planejar e agir mais rapidamente. Temos abelhas no Paraná todo, precisamos ter esse cuidado. Procurem profissionais da agronomia para esse auxílio na aplicação”.
Encerrando o segundo dia de evento, e o Webinar como um todo, Alessandro Casagrande, Eng. Agr.,Fiscal de Defesa Agropecuária e Gerente de Apoio Estratégico – Inovações Tecnológicas, ressaltou a necessidade da melhora desse controle dos órgãos e da orientação dos profissionais. “É necessário avançarmos nesse estudo de como será a aplicação de agrotóxicos no país. Precisamos dessa evolução no controle do uso de agrotóxico. Queremos, no futuro, realizar análises preditivas para antecipação de risco, através de ferramentas geoespaciais. Estamos melhorando nossos processos e ferramentas, mas discussões como as que estamos tendo são essenciais”, comentou o engenheiro.
Em seguida foi o momento de perguntas e respostas.
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