28º Fórum de Docentes e Discentes reforça a importância da discussão sobre qualidade do ensino

O 28º Fórum de Docentes e Discentes do Crea-PR encerrou nesta terça-feira, 28, levando ao público que acompanhou presencialmente e via youtube, as últimas novidades relacionadas ao momento de transição do ensino pedagógico mundial, com foco nas engenharias, agronomia e geociências.

https://www.youtube.com/watch?v=v8viuFe4jDQ

Na sua fala de abertura do evento no dia 27, às 14h, o presidente do Crea-PR, eng. civ. Ricardo Rocha, citou o poema “Recomeçar”, de Carlos Drummond de Andrade (abaixo), abrindo o coração e mente dos presentes para tudo o que seria apresentado a seguir. “Todo dia é um recomeço, mas, neste momento, esse recomeço exigirá um grande envolvimento e empenho por parte das nossas instituições de ensino, professores e alunos, para que possamos fazer a transição para a nova forma de educar, sem perder a qualidade do que conquistamos até aqui. E o Crea-PR, por meio da CEAP e do Colégio de Instituições de Ensino, estará acompanhando de perto essa transição e proporcionando diversas ferramentas para que ela aconteça da melhor forma”, destacou Ricardo.

O dispositivo de honra que abriu o Fórum foi formado ainda pelo presidente do Confea, eng. civ. Joel Krüger, pelo reitor da Universidade Positivo, Roberto Di Benedetto; pela coordenadora da Comissão de Educação e Atribuição Profissional do Crea-PR, eng. civ. Lígia Eleonora Rachid e pelo diretor-geral da Mútua-PR, eng. civ. Júlio César Russi.

Assista o primeiro dia.

Na palestra magna que abriu o Fórum, denominada “Iniciativas do Confea relacionadas à Formação Profissional”, o presidente do Confea, eng. civ. Joel Krüger, referiu-se que o Sistema teve pouco diálogo com o Conselho Nacional de Educação (CNE) à época da discussão das Novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), contextualizou-as em um processo de “internacionalização” e enfatizou que a atenção do Confea está voltada agora para os processos de acreditação de cursos e de certificação de profissionais. “Elas vão andar muito rápido”, defende Krüger.

Na sequência, a gestora de informações do Sistema Fiep, Isabela Drago, apresentou “A visão do setor produtivo sobre os novos profissionais formados”. A palestrante trouxe para discussão, em primeiro momento, o modo acelerado como a população vem vivendo, resultando em um grande número de revoluções nos avanços tecnológicos, podendo até ser considerada uma 4° Revolução Industrial.

Focando no público mais jovem, Isabela conduziu o tom da palestra para as novas adaptações de quem está ingressando no mercado de trabalho, quando se tem uma junção de diferentes gerações trabalhando em conjunto. “É muito comum que existam profissionais na mesma equipe de gerações diferentes e isso se torna muito interessante, pois traz uma diversidade essencial para a busca da inovação”, destacou Isabela.

A gestora do Sistema Fiep apresentou também o estudo “Skills 4.0 : Habilidades para Indústria”, desenvolvido pelo Centro de Inovação em parceria com a Coordenação Técnica do Observatório do Sistema Fiep e o SESI Nacional, com o objetivo de compreender a visão mundial sobre habilidades e compartilhar as informações coletadas com o público. A pesquisa e um mapa-síntese das informações estão disponíveis no site”.

Entre as perguntas que chegaram ao final da palestra, a do engenheiro Roberto Carvalho: “Você acha que estamos vivendo o grande momento da engenharia no país? E na sua opinião, qual é a área das engenharia que terá mais atividades no futuro?”, foi respondida da seguinte forma por Isabela:

“O que eu posso aconselhar, muito mais do que dizer qual a área de destaque dentro das engenharias, é que primeiramente temos que ter calma e nos manter atualizados no que gostamos de fazer, porque dentro da área das engenharias temos um escopo enorme de possibilidades, além disso, foque nas habilidades sócio-comportamentais, pois, independe da área que você escolher como profissão, elas serão imprescindíveis!”

Encerrando a tarde do primeiro dia do 28º Fórum de Docentes e Discentes do Crea-PR foram anunciados os vencedores do Prêmio Melhores TCCs e lançada a edição 27 da revista Técnico Científica, que, somando edições anteriores, já alcançou o número de 1 milhão de visualizações.

Noite

A professora e coordenadora da CEAP do Crea-PR, eng. civ. Ligia Rachid, abriu a noite do primeiro dia do Fórum apresentando pesquisa realizada entre 17 e 31 de maio de 2021 com coordenadores de cursos de engenharia de todo o Estado do Paraná, para verificar a implantação de novas DCNs nos cursos do Paraná e a dificuldade nessa implantação. Do total de 131 respostas, de cursos de diversas modalidades, 60% ainda não haviam implantado e 40% já implantaram. Entre as principais dificuldades citadas na pesquisa estão a inserção de 10% da carga horária de extensão e utilizar o conceito de competências, inserindo-o nas práticas pedagógicas.

Encerrando o primeiro dia do Fórum, os professores eng. Civ. Patrícia Lizi de Oliveira Maggi, da Universidade Positivo – PR e eng. civ. Uziel Cavalcanti de Medeiros Quinino, da Unisinos – RS, apresentaram de forma bem detalhada, a experiência da implementação de ensino e matrizes curriculares por competências em suas universidades.

Dia 28

Assista o segundo dia.

Abrindo o segundo, e último, dia de evento, o professor e conselheiro do Crea-PR, eng. civ. Dante Medeiros, falou sobre a concessão de atribuições, cadastramento de cursos e fiscalização dando uma aula da história do país atrelada a necessidade de novas profissões, novas escolas, novas formas de educar, e onde o Sistema educacional se entrelaça com o Sistema profissional nos aspectos de currículo e exercício da profissão. “Com as novas DCNs deve-se tomar o cuidado com as atribuições profissionais, porque temos vários perfis de egressos”, ressaltou Dante.

Encerrando a manhã de terça, o tema “Curricularização da extensão e desafios da pandemia da Covid-19 para o ensino”, foi debatido pelos professores eng. civ. Vitor Guerra, Conselheiro do Crea-PR, Faculdade Mater Dei – Pato Branco-PR; eng. eletric. Thiago Prado De Campos, Centro Universitário Campo Real, Guarapuava; eng. civ. Aron Lopes Petrucci, Adjunto da Universidade Estadual de Londrina e Coordenador do PROJETEK.

“O que fica dessa nova adaptação na visão dos professores: estudantes mais tímidos se soltaram mais no remoto; saída da zona de conforto; necessidade de produção de mais e melhor material didático; dificuldade em mesurar a real aprendizagem dos alunos, ambiente doméstico é desfavorável para aprendizagem, problemas com internet, baixa interação e participação da maioria, sentir-se sozinho dando aulas. Já na visão dos alunos: rever as explicações, sem perda de tempo com deslocamentos, redução de custos, poder continuar os estudos durante a pandemia, dificuldade de concentração, falta de interação, falta das aulas práticas, internet instável, dificuldade de didática de alguns professores”, elencou Vitor Guerra.

“O desafio maior será desenvolver habilidades e competências diferenciadas aos acadêmicos, como: comunicação, empatia, liderança, produtividade, inteligência emocional e organização do tempo. Também será necessário oportunizar aos alunos a utilização das técnicas aprendidas na resolução de problemas reais”, destacou Thiago de Campos.

O professor Aron Lopes falou sobre o Projetek e a oportunidade de inserção profissional que o projeto traz.

Ao final da manhã, foram apresentadas as ferramentas do Crea-PR disponibilizadas aos docentes e discentes.

Tarde

Abrindo os debates do período da tarde, o professor Luis Maurício Martins de Resende trouxe para reflexão como a metodologia ativa dentro da sala de aula pode influenciar na formação de bons profissionais e como isso impacta positivamente em seus currículos.

Focando no público que trabalha com a formação de profissionais, o palestrante comentou sobre ações e provocações que podem ser feitas dentro da sala de aula para incentivar os alunos. “O caminhar pela vida discente é muito mais interessante e muito mais efetivo quando é provocativo e feito em conjunto. Hoje, simplesmente nós irmos nos formando, compreendendo e ensaiando metodologias não é o suficiente, precisamos de metodologias novas para aprimorar todo o saber”, finalizou.

O professor Fábio Roberto Fowler complementou a apresentação falando um pouco sobre o projeto no qual faz parte, o CEU (Centro de Empreendedorismo UNIFEI). Voltado para o desenvolvimento em empreendedorismo com a integração de diversos parceiros e programas independente da área da engenharia, o CEU busca disseminar a cultura empreendedora no mundo onde não vai haver mais emprego, mas sim trabalho para aqueles que são competentes. “Nós temos que formar pessoas com competências empreendedoras, técnicas e gerenciais”, disse Fowler.

Seguindo os debates do período da tarde, o doutor, professor e Engenheiro de Produção Mecânica Milton Vieira Júnior, realizou uma explanação sobre a qualidade no ensino, tema constantemente discutido dentro das Comissões, Comitês e Câmaras do Crea-PR.

Milton iniciou sua palestra dando um contexto geral sobre como está a questão das engenharias no país, o crescimento no oferecimento dos cursos de engenharia, as mudanças nas Diretrizes Curriculares e as dúvidas sobre a eficácia dos processos regulatórios do MEC. “A mudança da paradigma das novas DNCs transformam a forma que enxergamos os novos profissionais. Antes, a formação era mais focada em conteúdos, o fluxo de informação era linear, onde a produção era em massa e só ‘empurrava’ os conteúdos para o aluno. Hoje, com as novas Diretrizes, tudo é baseado em competências e entregas, onde há uma oferta de procura de demanda por tal profissional ou tal conteúdo. Temos que entregar o que o mercado quer!”, pontua Milton.

“Nós estamos caminhando para uma sociedade 5.0, e a pergunta é a seguinte: estamos formando profissionais para isso?”. Com esse questionamento, Milton iniciou uma discussão sobre o perfil do egresso, ressaltando que o mesmo sai do ensino médio despreparado, com uma formação conteudista, e isso, alinhado a um curso sem referenciais curriculares corretos, acaba acarretando no profissional despreparado.

Em seguida, Milton fez panoramas entre os cursos e sugeriu reflexões para os professores sobre o ensino da engenharia. “Precisamos de mais e melhores engenheiros. Nós já buscamos a nossa identidade de engenheiros, consolidamos ela, disseminamos essa informação e agora precisamos focar na qualidade!”, finalizou.

Complementando a fala de Milton, o professor e eng. eletric. Marcos Banheti Ribeiro Vallim, realizou algumas provocações sobre a questão da qualidade do ensino ao falar sobre os objetivos sustentáveis na educação, a gestão da qualidade, as DCNs e o desenvolvimento de competências.

“Qualidade possui muitos significados e isso pode desencadear falsos consensos, por isso, devemos ter um certo cuidado ao falar sobre qualidade. É nosso dever assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade”, pontuou Vallim.

Em seguida, o engenheiro falou um pouco sobre o sistema brasileiro de gestão da qualidade e como funcionam suas avaliações institucionais, de curso e de desempenho de ingressantes e concluintes. “É necessário elevar a qualidade do ensino em engenharia no país, permitindo uma maior flexibilidade no ensino, e reduzindo as taxas e evasão. Isso não sou só eu que estou falando,  são algumas das premissas das novas DCNs”, disse o professor.

“O desenvolvimento de competências é a solução para a questão da qualidade de ensino?” Assim como o professor Milton, Vallim finalizou sua apresentação com uma pergunta, provocando o público presente a refletir sobre a necessidade de avançarmos nas discussões que há tantos anos estão travadas.

Encerrando o evento, o professor e superintendente da Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (SETI), Aldo Nelson Bona, iniciou sua apresentação agradecendo a parceria do Crea-PR com a SETI na orientação e construção de muitos projetos.

O palestrante trouxe como primeiro tópico de sua apresentação o novo modelo de aprendizagem que a Superintendência está trazendo para o desenvolvimento científico e tecnológico no Paraná: “Fundamentalmente o desenvolvimento hoje se liga ao tema da inovação, tornando-se um indutor de desenvolvimento, de competitividade, por isso que para nós é um tema que temos analisado com calma”, pontuou.

Bona trouxe sua visão sobre o PROJETECK e a sua modernização no desenvolvimento de empreendimentos públicos pelas prefeituras de municípios de pequeno porte com o uso da tecnologia BIM. O superintendente entende que esse projeto é essencial para os recém-formados, tornando-se um dos grandes projetos do Governo do Estado. “Vamos estender o PROJETECK para todo o Estado! Estamos organizando as agências de Desenvolvimento do Estado e Instituições para o desenvolvimento de projetos semelhantes e para que consigamos dar solução aos gargalos de falta de projetos nos pequenos municípios”, disse.

Aldo também apresentou alguns outros projetos da SETI como o “RESTEC – Residências Técnicas”, que tem como objetivo ofertar conhecimento especializado visando contribuir com a formação de profissionais para atender demandas em diferentes áreas do setor público; e o programa “Prime”, que foca na análise do resultado de pesquisas acadêmicas com potencial de mercado para o Estado do Paraná. “Nós estamos muito preocupados em fazer com que tenhamos em nossas universidades mais e mais ideias se tornando produtos, assim, nós poderemos cada vez mais contribuir com a geração de riqueza e desenvolvimento para o Estado do Paraná”, destacou.

Finalizando sua palestra e o evento, Bona agradeceu mais uma vez a oportunidade de estar no Fórum e ressaltou a grande parceria entre as instituições, que vem sendo muito importante para a SETI-PR, “essa é uma via de mão dupla onde nós e o Crea-PR estamos nos engrandecendo juntos”, finalizou.

 

Recomeçar – Carlos Drummond de Andrade

Não importa onde você parou,
em que momento da vida você cansou,
o que importa é que sempre é possível e
necessário “Recomeçar”.

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo,
é renovar as esperanças na vida, e o mais importante:
acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado.
Chorou muito?
foi limpeza da alma.

Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia.

Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechaste a porta até para os anjos.
Acreditou que tudo estava perdido?
era o início da tua melhora.

Pois é, agora é hora de reiniciar,de pensar na luz,
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Que tal um corte de cabelo arrojado, diferente?
Um novo curso, ou aquele velho desejo de aprender a
pintar, desenhar, dominar o computador,
ou qualquer outra coisa…

Olha quanto desafio, quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te
esperando.

Tá se sentindo sozinho?
Besteira…tem tanta gente que você afastou com o
seu “período de isolamento”…
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu
para “chegar” perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza
nem nós mesmos nos suportamos,
ficamos horríveis…
O mau humor vai comendo nosso fígado,
até a boca fica amarga.

Recomeçar…hoje é um bom dia para começar novos
desafios.
Onde você quer chegar?Ir alto? Sonhe alto. Queira o
melhor do melhor, queira coisas boas para a vida,  pensando assim
trazemos prá nós aquilo que desejamos. Se pensamos pequeno,
coisas pequenas teremos…
já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente
lutarmos pelo melhor,
o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental…
Joga fora tudo que te prende ao passado,  ao mundinho
de coisas tristes: fotos, peças de roupa, papel de bala, ingressos de
cinema, bilhetes de viagens, e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados…

Jogue tudo fora! Mas principalmente, esvazie seu coração. Fique pronto para a vida, para um novo amor. Lembre-se: “somos apaixonáveis”. Somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes, afinal de contas – Nós somos o “Amor”.

Fotos 27/09/2021

Fotos 28/09/2021