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Acesso em 26/12/2024 às 10h03.

Crea-PR apoia Maio Amarelo

Estudos desenvolvidos pelas prefeituras paranaenses ajudam a projetar o futuro do trânsito e, a reduzir os acidentes com mortes, principal conscientização do mês Maio Amarelo

4 de maio de 2022, às 16h54 - Tempo de leitura aproximado: 8 minutos

Estamos no mês Maio Amarelo e não temos como conscientizar a população sobre redução de mortes no trânsito sem falar sobre os planos municipais de Mobilidade Urbana (PMU), desenvolvidos por engenheiros. Alguns municípios estão em fase de finalização dos planos, como Maringá, Apucarana, Cascavel, Curitiba, Pato Branco e Guarapuava. Londrina e Ponta Grossa já concluíram, como previsto em lei federal.

O estudo exigido em todo o Brasil traz diagnósticos, análises e projeções sobre o sistema viário, transporte público, trânsito, rotas acessíveis, pedestres e malha cicloviária. Além de humanizar o trânsito e nortear o planejamento de longo prazo em mobilidade nas cidades brasileiras, os PMUs também devem frear o crescimento da frota paranaense, principalmente de motocicletas – principal veículo com registro de vítimas fatais em acidentes de trânsito.

Crea-PR ativo

Um levantamento realizado nas oito regionais do Conselho Regional de Engenheira e Agronomia do Paraná (Crea-PR), com dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran), mostra o quanto as frotas desses municípios sedes cresceram, mesmo diante da pandemia. No caso das motocicletas, o crescimento exagerado da frota também se dá por questões econômicas, causada pela alta no preço dos combustíveis.

 

FROTA TOTAL DE VEÍCULOS
CIDADE MARÇO 2021 MARÇO 2022 CRESCIMENTO %
Apucarana 86.987 89.169 2,5%
Cascavel 246.887 253.757 2,7%
Curitiba 1.476.512 1.510.050 2,2%
Guarapuava 117.601 121.820 3,5%
Londrina 393.707 400.578 1,7%
Maringá 321.253 326.576 1,6%
Pato Branco 62.347 64.345 3,2%
Ponta Grossa 219.360 225.492 2,7%

 

FROTA DE MOTOCICLETAS
CIDADE MARÇO 2021 MARÇO 2022 CRESCIMENTO %
Apucarana 14.433 14.962 3,6%
Cascavel 31.793 32.569 2,4%
Curitiba 138.941 143.009 2,9%
Guarapuava 12.188 12.811 5,1%
Londrina 65.235 66.911 2,5%
Maringá 43.789 44.884 2,5%
Pato Branco 7.084 7.428 4,8%
Ponta Grossa 24.810 25.686 3,5%

 

Especialistas da área, como o conselheiro do Crea-PR, Rafael Fontes Moretto, dizem que sem uma política urgente de investimentos, até 2030 teremos problemas sérios no trânsito e, consequentemente, mais mortes em acidentes. Então, é preciso reestruturar o transporte público e desestimular o tráfego de veículos motorizados, colocando os pedestres e ciclistas como prioridades.

Moretto, que é especialista em Infraestrutura e Transportes, ressalta ainda que com o aumento de veículos nas ruas, ano após ano, o trânsito atingirá sua capacidade máxima em breve. Os investimentos sugeridos são a construção de centros de distribuição longe das grandes cidades; o foco em outras malhas, como ferrovias, metrovias, hidrovias e ciclovias;  o cumprimento das projeções de pavimentação e o melhoramento de vias existentes, com ampliação da capacidade e obras especiais (viadutos, pontes, túneis) para melhorar a fluidez.

Outros engenheiros que estudam o trânsito no Estado afirmam que as pessoas só irão deixar o veículo individual em casa se o transporte público for atrativo, rápido, eficiente e confiável – melhorias possíveis quando há políticas públicas eficazes. Eles também explicam que reduzir os carros nas ruas tornará o trânsito mais rápido, seguro e humano, além de menos poluente. Então, o Plano vem para propor discussão e fazer projeções que garantam mobilidade satisfatória para toda a população.

Números

Há alguns anos, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) tem divulgado que 90% dos acidentes graves são ocasionados por fator humano, sendo grande parte por imprudência. Mas temos que considerar outros fatores como importantes nas análises, como falta de manutenção da rodovia ou do veículo, por exemplo.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), no primeiro trimestre de 2022 foram registrados 14.976 acidentes nas rodovias federais do Brasil, com 17.115 pessoas feridas e 1.283 óbitos. No mesmo período, no Paraná, foram 1.669 acidentes e 131 mortes. Já em 2021, de janeiro a dezembro, foram 64.518 acidentes, com 71.804 feridos e 5.393 óbitos em todo o Brasil.

O Movimento Maio Amarelo foi criado em 11 de maio de 2011, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou a Década de Ação para Segurança no Trânsito. As ações foram prorrogadas, fixando o período 2021-2030 como a segunda década pela segurança no trânsito. Neste novo período, a meta do Brasil é reduzir em 50% as mortes em acidentes de trânsito.

O Crea-PR ajuda os engenheiros e municípios por meio de um caderno técnico da Agenda Parlamentar sobre Mobilidade Urbana, com informações sobre as Diretrizes dos Órgãos Nacionais de Trânsito e Transportes; Políticas Nacionais da Mobilidade Urbana Sustentável; Programa de Infraestrutura de Transporte, Mobilidade Urbana e Sistema Nacional de Trânsito; Código de Trânsito Brasileiro; Sistema Viário e Trânsito Urbano e Municipalização do Trânsito.

Curitiba

Em Curitiba, o Crea-PR conversou com a superintendente de Trânsito de Curitiba, Rosângela Battistella para falar sobre a participação de engenheiros em projetos relacionados ao trânsito da cidade.

Assessor parlamentar da presidência do Crea-PR, Euclesio Finatti visita superintendente de Trânsito de Curitiba, Rosângela Battistella, em apoio às ações do Maio Amarelo. (foto: divulgação)

CP: Como é a atuação de engenheiros na definição do trânsito de Curitiba?

RB: O tema mobilidade é abrangente: é pensar no transporte coletivo, nas calçadas, no caminhar melhor, na questão da estrutura cicloviária. É todo um conjunto que tem no trânsito seu papel fundamental. E a Engenharia de Trânsito tem que ser eficiente no que se refere a mostrar ao cidadão o que ele precisa fazer em relação às leis de trânsito; sinalização vertical e sinalização horizontal são, por exemplo, projetadas pelo engenheiro de trânsito. A questão da tendência mundial da redução de velocidade em vias urbanas, para reduzir acidentes e a gravidade de acidentes, é também trabalho da engenharia de trânsito. E há ainda a questão da geometria de vias. Muitas vezes você tem algumas vias com raio de giro que atrapalha as conversões, e você precisa fazer melhorias por meio de um projeto de engenharia, com esse profissional que, com seu olhar e sua técnica, vai conseguir fazer um projeto com as adequações necessárias e adequadas para as condições de cada via.

CP – As mudanças e o crescimento da cidade também passam por esse olhar do engenheiro de trânsito. Como isso pode ser percebido no dia a dia dos moradores?

RB – A questão dos polos geradores de tráfego é um bom exemplo. Quando você implanta um polo gerador, como um hospital, um hipermercado, ou uma escola, sempre há a necessidade de uma análise do que vai acontecer no entorno e se os acessos desse polo estão adequados. Então, é sempre um estudo de engenharia que, via de regra, apresenta ao empreendedor que vai executar esse polo gerador medidas mitigadoras para melhorar o trânsito do entorno – porque o trânsito com certeza vai aumentar. Eu costumo dizer que o trânsito tem 3 pilares: engenharia, a educação e a fiscalização , nesta ordem. É necessário ter uma engenharia de trânsito bem feita para que depois se possa educar a população a respeitar as novas regras e, por último, fiscalizar.

CP – E sobre o plano de mobilidade de Curitiba?

RB – O alargamento de ruas e a definição de estrutura de pavimentação são trabalhos designados a engenheiros. São definições que estão no plano de mobilidade da cidade, desenhado pelo Ippuc – que está, neste momento, fazendo sua revisão – o que acontece a cada 10 anos. É nesse plano que existem as diretrizes para as ruas que serão abertas, ou alargadas, ou que vão receber pavimentação. Tudo fica nesse plano, que dá prioridade ao transporte coletivo. Então, os itinerários de ônibus sempre têm uma prioridade para as melhorias das vias. Depois do alargamento de uma via, a secretaria de obras sempre é envolvida e, na sequência, o trabalho é encaminhado para a superintendência de trânsito, para receber a devida sinalização. A Setran também faz a definição de preferencialidade de vias, o estudo técnico para a definição de implantação de semáforos, de radares ou lombadas eletrônicas. Então, todos sofrem um estudo técnico da engenharia para que a gente possa levar em conta todas as variáveis: de potencial de risco de acidentes, de polos geradores, de pedidos da população. No estudo técnico do engenheiro, entram todas essas variáveis, para que possa ser definido o que será feito no local. No semáforo, por exemplo, tem que ser feita uma pesquisa de campo, tem que fazer a contagem de veículos do cruzamento, porque nem todo cruzamento merece ter um semáforo. Muitas vezes um semáforo, se mal colocado num cruzamento, pode ser mais perigoso que se não existisse. Uma implantação de um semáforo parece uma coisa simples, mas também requer um estudo de engenharia.

CP – Qual sua mensagem de conscientização sobre o Maio Amarelo?

RB – Maio Amarelo é um mês com ações voltadas à educação no trânsito, porque queremos conscientizar motoristas, ciclistas, pedestres e motociclistas – que têm morrido muito no trânsito desde a pandemia, acredito que por um aumento no número de motocicletas por conta de entregas. Então, eu diria que o mês de maio é um mês de conscientização no trânsito, em que a gente faz essas ações educativas, mas que a engenharia tem toda uma participação e os engenheiros, principalmente da área de trânsito, participam ativamente das ações. É um período rico porque é pelas ações que os engenheiros verificam o que pode ser melhorado em determinado local. Quando uma equipe vai realizar uma ação em um cruzamento que está tendo muito acidente, geralmente o pessoal da engenharia vai junto, porque vai conseguir identificar se é problema de sinalização ou se é desrespeito de motoristas. Essa participação vai ajudar o profissional a entender profundamente o fluxo em determinado local, para que ele possa então definir ações bem planejadas, e que possam ser respeitadas.

Sobre o Crea-PR

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná, criado no ano de 1934, é uma autarquia responsável pela regulamentação e fiscalização dos profissionais das áreas das engenharias, agronomias e geociências. Além de regulamentar e fiscalizar, o Crea-PR também promove ações de orientação e valorização profissional por meio de termos de fomentos disponibilizados via Editais de Chamamento.

Carina Bernardino

Assessora de Imprensa

Regional Maringá – Crea/ PR

(44) 99900-0383

ascommaringa@creapr.org.br


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