Participação do Crea-PR em Audiência Pública sobre Enfrentamento de Fenômenos Climáticos e Prevenção de Desastres Ambientais em Curitiba
24 de maio de 2024, às 16h31 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos
Na última quarta-feira (22), a Assembleia Legislativa do Paraná promoveu uma audiência pública para discutir estratégias e ações de enfrentamento aos fenômenos climáticos extremos e prevenção de desastres ambientais em Curitiba. O evento reuniu especialistas, gestores públicos, parlamentares e representantes da Defesa Civil, sendo proposto pelo deputado Ney Leprevost (União Brasil). Representando o Crea-PR, participaram os conselheiros eng. mec. seg. trab. João Groque Junior e geól. Abdelmajid Hach Hach; e os inspetores eng. mec. Ricardo Vidinich; eng. amb. Gessuelyton Mendes de Lima, eng. ftal. Ana Marise Auer e a geól. Idanir Terezinha Salomé Silva.
As chuvas que recentemente atingiram o Rio Grande do Sul, causando destruição, foram um dos pontos discutidos. Segundo os especialistas, essas tragédias não são apenas fenômenos naturais, mas também resultado da exploração humana do planeta. “A tendência é que daqui para frente quando chover, chova cada vez muito mais. Quando fizer calor, os dias serão mais quentes; quando ventar, será mais forte”, comentou o deputado Ney Leprevost, ressaltando a necessidade de soluções inovadoras e preventivas.
O conselheiro Groque destacou a importância de levantar o tema para desenvolver estratégias futuras de prevenção dos fenômenos climáticos. “É um tema multidisciplinar, e entre os atores importantes deste contexto estão nossos profissionais das Engenharias, da Agronomia e das Geociências do Sistema Crea/Confea”, disse. Ele enfatizou a participação ativa desses profissionais em diversas etapas, desde a pesquisa das causas e efeitos dos fenômenos climáticos até a mitigação e execução de obras resilientes: “temos envolvidos diversos campos de atuação, como barragens, obras civis, transporte e logística, meteorologia, hidrologia, entre outras”.
“Foi uma discussão muito técnica sobre como enfrentar os fenômenos naturais e evitar ou prevenir os desastres, especialmente em Curitiba”, afirmou o conselheiro Abdel Rachid, também presidente da Associação dos Geólogos do Estado do Paraná. Ele elogiou a iniciativa do deputado Goura e a colaboração com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Destacou ainda a importância dos engenheiros na execução de políticas públicas voltadas para a preparação das cidades, mencionando a necessidade de mapas de riscos geológicos elaborados por geólogos e a reavaliação das redes de drenagem. “Precisamos trabalhar para adaptar nossas cidades, mapeando as áreas de vulnerabilidade. A crise climática deve ser objeto de políticas públicas efetivas”, completa.
O inspetor Ricardo Vidinich mencionou que alguns temas trabalhados nos Estudos Básicos de Desenvolvimento Municipal, que são parte do Programa Agenda Parlamentar do Crea-PR, como conservação de nascentes, incentivo à energia renovável, mobilidade urbana e coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos recicláveis, estão ligados à questão climática e à prevenção de eventos extremos. “Nosso papel como Crea é falar do envolvimento institucional nos temas desenvolvidos pelas entidades de classe, instituições de ensino e pelos profissionais”, diz.
Palestras e Contribuições dos Especialistas
Mariana Schuchovski, doutora em Ciências Florestais pela UFPR, destacou o impacto dos gases de efeito estufa no planeta. “Estamos vivenciando temperaturas 1,5 grau Celsius acima da era pré-industrial. Precisamos entender o efeito dos gases poluentes que se prendem na atmosfera e aquecem o planeta, esticando os extremos climáticos”, alertou.
Eduardo Gomes Pinheiro, pesquisador público e professor doutor, enfatizou a necessidade de priorizar as alterações climáticas nas políticas públicas. “Muito do que não se fez se deve à crença de que os desastres não acontecem conosco. Precisamos lembrar que os impactos não atingem somente a população, mas também a economia”, comenta.
Carlos Luiz Strapazzon, doutor em Direito Constitucional, reforçou a importância do debate: “este é um problema que precisa de uma abordagem democrática e resiliente. Quanto antes começarmos, melhor”.
O geólogo Abdel Hach, especialista, reiterou que as chuvas não são responsáveis pelos problemas, mas sim as ações humanas. “As chuvas não causam nada. O que causa são os momentos e condicionantes resultantes de ações antrópicas, de responsabilidade do homem”.
Resultados
A audiência pública evidenciou a necessidade de estratégias multidisciplinares e integradas para enfrentar os fenômenos climáticos e prevenir desastres ambientais. A participação do Crea-PR destacou o compromisso da instituição e dos profissionais das Engenharias, Agronomia e Geociências com a sustentabilidade e a segurança da população paranaense. A colaboração entre diferentes áreas de atuação e a implementação de políticas públicas efetivas são cruciais para mitigar os impactos das mudanças climáticas.
Para mais detalhes sobre a audiência pública, acesse a matéria e a gravação no site da Assembleia Legislativa do Paraná: Especialistas alertam para a responsabilidade humana nos desastres climáticos.
A iniciativa do debate público sobre o tema é fundamental.
Porém, precisamos de planos e ações concretas urgentemente, para ontem.
É necessário reservar orçamento público e priorizar ações e obras que mitiguem os efeitos de um fenômeno climático exacerbado. É necessário agir rápido.
Na década de 1980 houve vários episodios de cheias e enchentes por excesso de chuvas nas bacias dos Rios Iguaçu, Barigui e Belém. Lembro-me do Bairro Boqueirão debaixo d’água.
Se algo parecido com o que se passou no RS em maio deste ano ocorrer por aqui, a situação será bem pior do que em 1983 ou 1985, não lembro exatamente o ano.
Infelizmente no Brasil temos um histórico de produzir muito conteúdo que fica no papel; existem planos que lamentavelmente nunca se tornam iniciativas. Quiçá renderia uma tese elencar os numerosos “documentos contendo intenções” do Poder Público que nunca saem do plano das ideias. No orçamento fica 30% “mais caro” , e decide-se por soluções nos mesmos paradigmas de 70 anos atrás. O plano está lá, mas na materialização da proposta é alocada a alternativa “fica mais bonita no feed”, em detrimento da resiliência urbana.
Parabéns aos profissionais do Sistema Confea/Crea que participaram desta Audiência Pública, demonstrando mais uma vez a sociedade que estamos disponíveis para auxiliar nas questões relativas à engenharia, agronomia e geociências.
Parabéns pela discussão de tema fundamental para a sociedade e conservação de biomas.
Excelente matéria da jornalista Débora Pereira. Sintetizou a questão e sumarizou os depoimentos dos envolvidos. Um verdadeiro trabalho jornalístico. Parabéns!