COP-30: O papel do Sistema Confea/Crea e Mútua no combate às mudanças climáticas
Painel conta com palestra de professor paranaense que falou sobre a descarbonização e crédito de carbono8 de outubro de 2024, às 19h10 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos
Durante a 79ª Semana Oficial da Engenharia e Agronomia (Soea), realizada em Salvador-BA, um painel de debates sobre a COP-30, realizado no dia 08, trouxe à pauta o importante papel do Sistema Confea/Crea e Mútua nas ações globais de combate às mudanças climáticas. O evento, que contou com a participação de especialistas de diferentes áreas, abordou desde descarbonização até a adaptação das cidades amazônicas às mudanças do clima.
Descarbonização e créditos de carbono
O eng. ftal. Carlos Roberto Sanquetta, professor da UFPR, abriu o painel falando sobre a descarbonização e os projetos de créditos de carbono. Sanquetta destacou a necessidade de inventariar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) como ponto de partida para desenvolver estratégias eficazes de compensação e mitigação. “O inventário de emissões é a ferramenta fundamental para mensurar e propor ações de descarbonização”, afirmou. Ele explicou que a descarbonização passa por três etapas: inventário, redução e compensação.
O professor também mencionou os diferentes tipos de mercados de carbono, destacando os regulados e os voluntários. No Brasil, o mercado voluntário é predominante, mas a regulamentação do mercado de carbono está em discussão, com o Projeto de Lei 182/2024 em pauta. Para Sanquetta, o combate às mudanças climáticas deve ser encarado como uma oportunidade para o desenvolvimento sustentável, aproveitando o potencial econômico dos créditos de carbono.
A conservação do solo como estratégia de mitigação
O eng. agr. Clever Briedis, professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), apresentou o tema da recuperação e conservação de solos como estratégia para mitigar o efeito estufa. Ele destacou o papel da agricultura, responsável por uma grande parcela das emissões de GEE, e apontou o potencial do Brasil no sequestro de carbono por meio do solo.
Briedis explicou que práticas agrícolas como o plantio direto podem transformar o solo em um grande reservatório de carbono, principalmente em áreas de pastagem recuperada. “O solo tem capacidade de sequestrar carbono em profundidade, e o Brasil, com suas condições climáticas, tem um imenso potencial para liderar essa frente,” comentou. Ele também frisou que o país pode se tornar referência mundial em agricultura sustentável.
Cooperativismo sustentável: uma solução coletiva
Eduardo Queiroz, coordenador de Relações Governamentais do Sistema OCB, falou sobre o papel do cooperativismo sustentável no desenvolvimento da agricultura familiar e na mitigação das mudanças climáticas. Segundo Queiroz, o cooperativismo é uma ferramenta eficaz para pequenos produtores alcançarem escala e adotarem práticas mais sustentáveis.
Com mais de 4.600 cooperativas no Brasil e uma movimentação anual de R$ 650 bilhões, o setor tem impacto significativo na economia nacional e no desenvolvimento local. “O valor gerado pelo cooperativismo fica nas comunidades, contribuindo diretamente para o desenvolvimento sustentável”, destacou. Ele também mencionou a participação de cooperativas brasileiras em eventos internacionais e visitas técnicas, reforçando a importância do setor na agenda climática global.
Competências verdes e adaptação das cidades amazônicas
O eng. sanit. Josué da Costa Rocha, diretor-executivo do Grupo Samnit, abordou as habilidades empreendedoras e competências verdes necessárias para adaptar as cidades amazônicas às mudanças climáticas. Rocha enfatizou a importância de liderança, comunicação e ética no desenvolvimento de projetos que visem à sustentabilidade. “Precisamos de uma engenharia que atue com propósito, guiada pela ética e comprometida com a sustentabilidade,” afirmou.
Para Rocha, as universidades precisam se atualizar e incluir conhecimentos sobre ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa) em seus currículos. Ele destacou a necessidade de formar profissionais preparados para enfrentar os desafios climáticos e liderar transformações nas cidades amazônicas.
Debate e reflexão
Encerrando o painel, a eng. civ. Adriana Falconeri, presidente do Crea-PA, moderou um debate entre os palestrantes e a plateia. Falconeri provocou uma reflexão sobre o papel dos profissionais das Engenharias, Agronomia e Geociências no enfrentamento da crise climática. “Precisamos sair daqui com a certeza de que somos agentes de transformação,” concluiu. O debate abordou temas como a confiabilidade dos mercados de crédito de carbono e a importância da ética e da honestidade na implementação de projetos sustentáveis.
Esse painel reforçou a relevância dos profissionais do Sistema Confea/Crea e Mútua no cenário global de combate às mudanças climáticas e destacou o potencial do Brasil em diversas frentes, como descarbonização, recuperação de solos e cooperativismo. A expectativa é que a COP-30, a ser realizada em 2025 em Belém, seja uma oportunidade para o país demonstrar liderança e compromisso com a sustentabilidade.
No site oficial do evento https://www.soea.org.br/ estão mais informações sobre a programação ao vivo e o aplicativo da Soea.
Todas as fotos da comitiva do Crea-PR estão disponíveis aqui.
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