Engenharia x pesquisa = inovação em saúde
Pesquisadores da UTFPR multiplicam esforços para produzir ventiladores pulmonares de baixo custo, um dos gargalos no tratamento de casos graves da Covid-1917 de abril de 2020, às 12h08 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos
A falta de ventiladores pulmonares mecânicos, essenciais para o atendimento de pacientes graves da pandemia de Covid-19, é um grave problema do sistema de Saúde. No país, estão surgindo diversas iniciativas para apresentar soluções. Entre elas, o trabalho em conjunto de professores e alunos de cursos de engenharia da UTFPR de Curitiba e Pato Branco.
Com a soma de conhecimentos de Engenheiros Eletricistas, Eletrônicos, Mecânicos, Biomédicos e de Computação foi possível montar um protótipo de baixo custo, para atender a pacientes com Covid-19.
O Engenheiro Eletricista Ricardo Bernardi, chefe do departamento de Elétrica da UTFPR – Câmpus Pato Branco, é um dos envolvidos no desenvolvimento do ventilador pulmonar. “O trabalho teve início com a equipe da UTFPR de Curitiba e, como também tínhamos a intenção de produzir um ventilador pulmonar, passamos a colaborar no projeto. Em Pato Branco, estamos trabalhando na interface homem-máquina (IHM), na instrumentação biomédica (para transformar a pressão de ar no pulmão em um sinal elétrico), no acionamento das válvulas e na confecção das placas eletrônicas. Enquanto nos concentramos na parte eletrônica, o grupo de Curitiba foca nos testes, projetos mecânicos e no design final do equipamento”, conta Bernardi.
As equipes trabalham agora no segundo protótipo, já com aparência de produto, e com um segundo tipo de válvulas. “Estamos fazendo testes de durabilidade, pois pacientes com Covid-19 precisam usar ventiladores pulmonares por períodos entre duas e três semanas, ininterruptamente. O objetivo é aliar confiabilidade com baixo custo”, pontua o professor Bernardi.
A equação parece estar sendo resolvida. Segundo o professor da UTFPR, o valor de produção está próximo de R$ 5 mil. O custo de um ventilador pulmonar normal é bem superior, podendo variar de R$ 50 mil até R$ 100 mil, dependendo dos recursos adicionais que oferece.
“Procuramos utilizar peças nacionais, para reduzir custos e facilitar a manutenção. Optamos por não usar sensores considerados redundantes porque as UTIs dos hospitais contam com monitores multiparamétricos”, explica Bernardi, que tem mestrado em Engenharia Biomédica.
Os pesquisadores estão preocupados em oferecer uma solução de baixo custo, mas que seja segura e siga as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Eles têm participado de reuniões com representantes da Anvisa e da Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica (SBEB), para trocar informações e seguir as orientações e normativas. A intenção é produzir pelo menos 50 peças, com recursos de editais públicos.
Os detalhes para a produção dos equipamentos ainda estão em discussão. Os pesquisadores aguardam, por exemplo, o resultado de edital da Vale – o projeto já está na terceira etapa.
Escassez
Cruzamento feito pelo UOL com dados do DataSUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), publicado em março passado, revela que cerca de 60% dos municípios brasileiros — nos quais vivem 33,3 milhões de pessoas, a maioria nas regiões Norte e Nordeste — não têm nenhum respirador disponível em suas unidades de saúde.
Antonio Menegatti
Assessor de Imprensa do Crea-PR / Regional Pato Branco
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