‘Resource Engineers’: conheça o jogo paranaense que aborda ética e fiscalização profissional

Nos próximos meses, um jogo que traz a interatividade a serviço da ética e da fiscalização profissional nas áreas de Engenharia, Agronomia e Geociências estará disponível para acesso em todo o país. Trata-se do ‘Resource Engineers’, apresentado aos participantes da 78ª SOEA (Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia), que ocorreu em Gramado, na última semana, pelo geógrafo Jorge Campelo, do Crea-PR.

“Nesse jogo, falamos de ética e fiscalização, de gestão sustentável, do entendimento do colaborativismo, do trabalhar de forma compartilhada. Ele é uma ferramenta pedagógica que, ao mesmo tempo, traz entretenimento”, adianta Jorge.

O storytelling por trás do jogo traz a narrativa de um profissional do sistema, recém-formado que vive numa sociedade complicada, caótica, cheia de disputa, onde a ética é deixada de lado. Nesse contexto conturbado, estes profissionais (jogadores) tentam provar que gerenciar bem seus recursos, de forma ética e sustentável, e trabalhar de forma colaborativa, é o diferencial dos profissionais do futuro.

Divulgação do jogo na SOEA

Foi por esse perfil de jogo inovador que o geógrafo resolveu apresentá-lo nos bastidores da SOEA, que é considerada o maior evento do país na área tecnológica. Promovido pelo Sistema Confea/Crea, em parceria com a Mútua, o evento reuniu participantes de todo o Brasil para debater temas diretamente ligados ao desenvolvimento e infraestrutura brasileira.

“Houve muito interesse, entusiasmo e curiosidade sobre o jogo porque é uma coisa nova. Há uma procura por novas formas de tratar esse tema que é complexo e, para alguns, é visto como chato para se dialogar tanto com alunos em formação quanto com profissionais”. O presidente do Crea-PR, Engenheiro Civil, Ricardo Rocha, valorizou e captou para as ações institucionais, a proposta que avaliou como rica e necessária. “Queremos colocar à disposição do Sistema essa proposta para poder falar de ética e fiscalização de uma forma diferente, especialmente no nível de formação e de reciclagem de profissionais”, adiantou.

Conforme Jorge, o jogo não será comercializado. “Vamos disponibilizar no formato print in play, que é imprima e jogue, para que ele funcione como ferramenta pedagógica e possa atender, de fato, a demanda dos professores da área de ética e fiscalização nas Universidades, no processo de formação e, também, na reciclagem dos profissionais”. A expectativa é que o jogo também esteja disponível gratuitamente para uso na plataforma Tabletopia., nos próximos meses.

A criação de jogos e o desafio conjunto: como tudo começou

“Em 2020, houve um edital de fomento na qual a Aprogeo (Associação dos Profissionais Geógrafos do Estado do Paraná) participou, enquanto eu era presidente. Fomos desafiados pelo setor de ética do Crea-PR a construir uma solução que trabalhasse a temática ética e fiscalização’ de uma forma diferente e dentro desse desafio surgiu a provocação: ‘por que não fazer em forma de jogo?”, revelou o geógrafo.

A partir disso, a temática foi gamificada. Após o término do edital, o Crea-PR e a Aprogeo, juntos, reuniram profissionais das Regionais de Londrina, Apucarana e Maringá para a imersão em um processo que incluiu lives, encontros, discussões e construção de propostas de soluções. As ideias foram definidas e resultaram na formação de três jogos:

• Jogo “Is True”

Dalton Matsumura é Agente Administrativo da Inspetoria Maringá e participou da construção do jogo “Is True”, um dos três jogos desenvolvidos pelos profissionais do Crea-PR nestes meses de estudos e produção. “Esse é um jogo de cartas de perguntas e respostas com questões básicas e importantes sobre Ética, Fiscalização e Sociedade. Este trabalho foi apresentado aos gerentes das regionais envolvidas, gerentes do DAT e DEFIS (Departamento de Fiscalização) e à Superintendência. A experiência foi muito gratificante e ainda está gerando frutos, pois o jogo está sendo levado diversos eventos do Crea-PR”, celebrou o profissional que fez parte da equipe com a Agente Fiscal, Priscila Marangon, de Londrina, e com o Agente Fiscal, Eduardo Horugel, de Apucarana.

Para a Gerente Regional de Maringá, Viviani Hannebauer, “o desenvolvimento dos jogos representou uma audaciosa inovação para o Crea-PR. A equipe enfrentou o desafio de transformar temas complexos em uma narrativa atrativa e de mecânicas de jogo envolventes, com o objetivo de educar e engajar profissionais e a sociedade, ampliando o alcance do conhecimento sobre o sistema profissional”, avaliou.

• Jogo “Sistema em Ação”

A Agente Administrativa da Regional de Londrina, Tatiane Almudi, participou da equipe que desenvolveu o “Sistema em Ação”. Para ela, desde que o desafio foi lançado, houve muita curiosidade e dificuldade em imaginar um jogo com as temáticas propostas. Essa provocação despertou seu interesse e fortaleceu sua participação. “Foi uma experiência extremamente interessante, principalmente porque, a princípio, tudo isso me parecia muito além das minhas capacidades de produção. No entanto, nossa equipe se mostrou excepcional e ver o jogo concretizado foi extremamente gratificante”.

O jogo de tabuleiro foi feito em conjunto com o Agente Fiscal, Paulo Henrique Neves de Oliveira, da Inspetoria de Cianorte, e com a Agente Administrativa, Edilaine Tessaro, da Regional de Maringá. “Entendo que os jogos são uma forma de mostrar o nosso trabalho e como funciona o sistema Confea/Crea de uma maneira mais lúdica, mais dinâmica. Eu levei a minha visão enquanto atendimento ao público e, sinceramente, achei muito importante ter a participação de funcionários para mostrar essa visão de como funciona o nosso Sistema internamente”, acrescentou Edilaine.

3 – Jogo “Engineers Society”

O “Engineers Society” tem em seu time criador o Agente Administrativo, José Carlos, da Regional de Londrina, a Agente Fiscal, Fernanda de Souza, da Inspetoria de Apucarana, e a Agente Administrativa Letícia Lika, da Inspetoria de Cianorte.

Fã declarado e colecionador de jogos de tabuleiro, José Carlos relembra a felicidade com o convite para o projeto e as etapas do trabalho conjunto.  “Concebi a ideia do Engineers Society a partir de um jogo chamado High Society, do game designer Reiner Knizia. Nele os jogadores gastam o dinheiro do jogo para comprar artigos de luxo e evitar vexames. O que nosso grupo fez foi trazer a mecânica do jogo para a realidade dos profissionais do Crea-PR: os jogadores iriam gastar seus recursos (tempo, dinheiro, conhecimento, etc…) para realizar boas práticas e evitar práticas antiéticas no âmbito das engenharias”, detalhou José, que afirmou estar criando um jogo próprio utilizando algumas das coisas que aprendeu no projeto.

Para a Agente Fiscal, Fernanda, a experiência foi uma oportunidade de colocar muitos aprendizados em ação. “Como membro do Grupo Permanente de Ética, participar do desenvolvimento do jogo Engineers Society foi uma experiência incrível, pois coloquei em prática meus conhecimentos sobre esse assunto. Além disso, saber que nosso jogo foi divulgado em um evento grandioso como o SOEA é muito gratificante”, celebrou. Fechando o time vencedor, a Agente Administrativa, Letícia, revelou a satisfação em fazer parte do projeto. “Mesmo sem conhecimento sobre games, pude contribuir com minha experiência de trabalho sobre o tema da ética e alcançamos um resultado muito bom”, finalizou.

O processo de aprimoramento do Resource Engineers respeitou a ideia original do jogo e manteve sua inspiração, porém tem a implementação de 2 novas mecânicas para dar uma dinâmica maior ao jogo, e diferenciá-lo no mercado.

O jogo criado por esse time foi o escolhido para ser aprimorado e, após quase 2 anos de ajustes e testes, já na empresa de Jorge, foi finalizado, tendo a Aprogeo como instituição intermediadora. Após uma fase de melhoria técnica da primeira versão, Jorge mudou o nome do jogo para ‘Resource Engineers’ e o apresentou na SOEA, selando o sucesso e a qualidade desse produto desenvolvido de forma conjunta por diversos profissionais do Crea-PR.