Mitos e Verdades sobre ESG: Sustentabilidade com Integridade

A jornalista Giuliana Morrone, com mais de 30 anos de experiência cobrindo política e grandes escândalos de corrupção em Brasília, trouxe ao 50º EPEC uma perspectiva transformadora sobre ESG (Environmental, Social and Governance). Apesar de ser amplamente conhecida por sua trajetória no jornalismo político, afirmou que poucos sabem de sua atuação em sustentabilidade — um interesse que nasceu há mais de 15 anos, em Nova York, quando se associou a um mercado cooperativo de produtos orgânicos no Brooklyn.

A experiência no cooperativismo, que enfatizava economia circular, reciclagem e produção sustentável, despertou sua paixão pelo tema. Durante a pandemia, Giuliana conta que refletiu sobre a necessidade de uma mudança de rumo, especializou-se em ESG e lançou um livro que mistura ficção e fatos reais para abordar o tema com profundidade.

Em sua palestra, ela destacou as contradições do cenário atual e o fato de que enquanto tem empresas que demonstram compromisso genuíno com o ESG, existem também muitas empresas utilizando a temática apenas como fachada, mas reforçou que estamos vivendo a era da transparência, que mais cedo ou mais tarde a verdade vem à tona e as redes sociais têm um papel fundamental em expor as práticas incoerentes.

Ela abordou questões preocupantes, como o aumento das catástrofes climáticas — como furacões, incêndios, secas extremas, enchentes e ciclones — e a resistência de alguns grupos ao enfrentamento da crise climática. Por outro lado, países como a China, apesar de liderarem emissões de CO₂, estão investindo em energias renováveis.

No campo social e de governança, Giuliana pontuou que, enquanto há avanços na inclusão de grupos minorizados, também existem retrocessos, como a redução de iniciativas em diversidade, equidade e igualdade. Além disso, governanças corporativas estão sendo rebaixadas, enfraquecendo o compliance em algumas organizações.

A palestrante chamou atenção para a importância da integridade nas práticas ESG, citando exemplos como o uso de carros a diesel em visitas à Itaipu, quando poderiam ser elétricos, e empresas que são flagradas em situações de exploração de trabalho, como a vinícola no Sul e que seus representantes apresentam comportamentos e discursos contraditórios como o executivo da G4 Tallis que renunciou ao cargo depois de criticar mulheres que se dizem CEO. 

“Mais vale começar pequeno, mas fazer com integridade”, enfatizou Giuliana, defendendo a necessidade de ações concretas e consistentes.

Ela também destacou que ESG vai além de cumprir boas práticas: está diretamente ligado à performance financeira. Fazer a lição de casa hoje significa evitar problemas maiores no futuro. Com a crise climática pressionando governos e empresas, metas concretas tornam-se imprescindíveis, desde a transição energética até o combate ao desmatamento na Amazônia e o fim da exploração do petróleo, temas centrais da COP 30, que deverá reforçar a urgência de eliminar os combustíveis fósseis.

Giuliana reforçou que o ESG deve estar associado à transformação da governança corporativa. Ela criticou o modelo mecanicista ainda presente em muitas empresas, onde colaboradores são tratados como executores de ordens e pouco ouvidos. Para ela, essa abordagem contribui para o aumento de casos de burnout e para a desconexão entre equipes e liderança.

A nova era, que Giuliana definiu como a dos sistemas, exige líderes conscientes que criem ambientes de confiança, promovam inclusão e invistam no desenvolvimento humano. Empresas que se alinham a essas práticas colhem benefícios tangíveis: retenção de talentos, inovação contínua e crescimento sustentável.

“Transparência, sustentabilidade, ESG, ou qualquer nome que se queira dar — este é o futuro”, concluiu Giuliana, reforçando que o comprometimento com metas sociais, ambientais e de liderança vai muito além de uma estratégia de mercado. É a chave para construir um futuro mais justo, próspero e resiliente.