Debate do Lote 3 da nova concessão de rodovias do Paraná
17 de março de 2021, às 20h34 - Tempo de leitura aproximado: 10 minutos
Ocorreu nessa quarta-feira (17) a reunião do Lote 3 da nova concessão de rodovias do Paraná, com a participação de representantes do Crea-PR. Esse lote contempla uma extensão de 562km, sendo 201km com obras de duplicação, 26km de implantação de faixas adicionais, 32 passarelas, cinco contornos, 15km de vias marginais e 104 dispositivos de retorno e acesso de diferentes modelos. Será disponibilizada para este Lote uma receita total de 28,2 bilhões de reais, sendo 7,63 bilhões como CAPEX (capital utilizado para manter ou melhorar os bens físicos), ou seja, investimentos de ampliação de capacidade, e 6,05 bilhões como OPEX, ou seja, para os custos operacionais.
A equipe da EPL (Empresa de Planejamento e Logística) realiza uma contextualização técnica do lote. O Diretor de Transporte Rodoviário do Ministério da Infraestrutura, Guilherme Luiz Bianco comenta “os pontos mais especiais desse lote são: a duplicação da BR-376 e os cinco contornos, Ponta Grossa Leste, Ponta Grossa Norte, Califórnia, Apucarana e Arapongas”. Para ele “a maior e mais complexa obra desse lote é o Contorno Ponta Grossa Leste”. Em seguida, a equipe mostrou todos os detalhes da obra pelo aplicativo de visão aérea Google Earth. Bianco ressalta “esse é um projeto preocupado com os cuidados socioambientais”.
As principais obras desse lote são: BR-323, duplicação entre Cambé e Sertaneja (60km), previsão de construção entre os anos 3 e 5 de contrato; PR-445, faixa adicional entre Londrina e Cambé (13km), obra do 3º ao 4 ano; PR-445, duplicação entre Londrina e Mauá da Serra (58 km), obra no ano 6 a 7; Serra do Cadeado, duplicação da BR-376, entre Ortigueira e Imbaú (68km), obra nos anos 3 ao 5; e os cinco contornos. Todas as obras serão realizadas até o décimo ano e todas as rodovias serão 100% monitoradas por câmeras, com o objetivo de evitar acidentes e aumentar a segurança do usuário.
Outra novidade desse Lote é a implantação de duas praças de pedágios, uma em Califórnia, com tarifa de R$ 8,11, a partir do segundo ano, e a outra em Londrina, com tarifa de R$ 7,68. A partir do décimo ano, quando as obras serão finalizadas, esses valores passam para R$ 11,04 e R$ 9,91, respectivamente. Além disso, está prevista a redução de taxa nas demais praças, destacando a Praça de Sertaneja com redução de 32,4%, aproximadamente. Seguindo a mesma lógica do Lote 2, serão feitas melhorias das bases de operações e implantação de novas, totalizando 15 bases, além de dois pontos de paradas de descanso gratuitas para caminhoneiros.
Participação do Crea-PR
Fiscalização e governança
O engenheiro eletricista Brazil Versoza, diretor do Crea-PR e representante do Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina (Ceal) questiona: “uma preocupação do Crea-PR é pelo longo tempo de concessão, de 30 anos, se haverá correção de rota. Além disso, como se dará a governança dessa concessão, quem terá a oportunidade de participar, a população, o Conselho, de que forma poderemos participar nesse período?”.
O engenheiro civil Sandro Dias Baptista, representante da Regional Ponta Grossa do Crea-PR e da Associação dos Engenheiros de Telêmaco Borba aproveitou o gancho da pergunta e questionou sobre como será feita a fiscalização, se há um calendário de vistorias uma vez por ano. Sergio Barbosa de Souza, da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Apucarana, completa comentando que “nesses 30 anos teríamos a previsão de apenas 5 ou 6 rodadas de governanças, então é muito tempo para uma análise dos impactos aos usuários, gostaríamos de ter mais informações em um período menor de tempo”. Ainda sobre as governanças, o engenheiro civil Mateus Franciscon, representante do Crea-PR e da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Apucarana (AEA), diz: “não queremos reuniões a cada cinco anos porque gostaríamos de ter mais participação, não como poder de voto, mas como uma consultoria sobre o contrato que será executado”.
O Diretor de Transporte Rodoviário do Ministério da Infraestrutura responde que “todas as concessões são de no mínimo de 30 anos para justificar o investimento que terá que ser feito. A sociedade pode se manifestar nas soluções quinquenais, a cada cinco anos, onde é apresentado o que já foi feito, o que está em andamento, quanto ainda tem de dinheiro, tendo assim uma garantia de novos investimentos no futuro, justamente naquelas obras que não conseguimos visualizar hoje. Além disso, todo ano tem a revisão da tarifa”. Ele comenta também que será formado o Conselho dos Usuários, que terá papel de fiscalização.
Velocidade após a correção de trajeto
O diretor do Crea-PR, engenheiro Versoza, também questionou se “nos 58km de Londrina a Mauá da Serra a velocidade permitida é de 80 km/h, com esse projeto de correção de geometria de curvas vai aumentar essa velocidade?”. Bianco respondeu que “a velocidade operacional será de 100 km/h e em trechos sinuosos de 80km/h, o que é uma grande mudança para o local”.
Retornos e acessos
O engenheiro civil Sandro questionou por que “na região de Imbaú haverá a implantação de um retorno se a menos de um km já existe um retorno em nível, este será desativado assim como em outros locais que terão novos retornos próximos dos já existentes?”. A equipe da EPL comenta que “haverá essa mudança, será eliminado o retorno em nível que é perigoso, e implantado um parclo, que é um retorno em desnível”.
O engenheiro pontua ainda que “na saída de Apucarana para Curitiba não tem uma alça de acesso ao Contorno Sul, o que parece ser algo simples, mas hoje existe a necessidade de percorrer 5km a mais, sendo que neste local apenas uma alça acesso já resolveria”. O representante Bianco explica “essa é uma obra muito cara, mas que será estudada a possibilidade, sem impactar a tarifa”.
Eventual fuga de pedágio
O engenheiro Barbosa de Souza também questionou “em relação ao percurso alternativo que temos de Apucarana para Londrina, através do Distrito de Vila Reis, uma rodovia estadual toda asfaltada, gostaria de saber como a ANTT enxerga esta rodovia que ficará livre de pedágio?”. O gerente de Assuntos Estratégicos da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP), engenheiro João Arthur Mohr, complementa: “exatamente, a BR-532 com a BR-538, que sai do Aeroporto de Apucarana e liga até Londrina, forma uma rota de fuga”.
O diretor Bianco pontua: “observamos isso, mas temos toda a tranquilidade porque teremos uma estrutura de qualidade, e entendemos que as pessoas vão querer pagar o pedágio e ter uma segurança e um conforto, ao invés de escolher caminhos alternativos perigosos”, diz.
Realocação de praças de pedágios
O engenheiro civil Mateus pede “a alteração da praça de pedágio de Califórnia para próximo de Mauá da Serra, porque este município, além de Marilândia e Califórnia, são três cidades pequenas e ricas, mas que dependem desse acesso à Apucarana e Londrina”. Bianco responde que a equipe da EPL está estudando todas as possibilidades de realocação das praças, conforme o melhor custo das tarifas, e ressalta que está ciente dessa insatisfação.
Inversão de cronograma
O engenheiro Horácio Guimarães, presidente do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) pergunta a possibilidade de uma “atenção especial para a duplicação do trecho faltante entre Imbaú e o início da Serra do Cadeado”. O Engenheiro Brazil vê a importância de mudança entre “os 58 km de Londrina à Mauá da Serra, obra que poderia vir antes do trecho de Ibiporã a Sertanópolis, já que parece ter um fluxo maior de veículos”, comenta.
Bianco responde que “será prioridade duplicar a Rodovia do Café, lembrando que não conseguimos entregar tudo no terceiro ano, mas que já trouxemos tudo até o nono ano, que antes estavam até o vigésimo”, e destaca: “veja que em um plano de 30 anos, terminarem no nono já é muito priorizado”. Ele completa que há uma questão de licenciamento ambiental nesses trechos citados, o que é demorado para resolver, mas o perímetro está em prioridade.
O engenheiro Mateus Franciscon ressalta: “o contorno de Arapongas estava em um contrato antigo, no qual fomos lesados, e nesse projeto atual a previsão da obra é somente para 2030. Então gostaria de pedir atenção especial para trazer para o terceiro ano o contorno de Arapongas e de Apucarana”. Bianco diz “sabemos da importância dos contornos, mas como já foi dito, não conseguimos realizar todas as obras no terceiro ano, mas vamos estudar”.
Cronograma da semana
Clicando nos links dos lotes você pode assistir as gravações, acompanhar ao vivo ou acionar os lembretes.
Lote 1 – 15/03 (2ª feira) – 9h às 12h
Trechos: Curitiba e RMC / BR 277 (entre Curitiba e Irati) / PR 373 (entre Prudentópolis e Ponta Grossa) / BR 476 (de Araucaria até a Lapa) / Contorno Sul e Oeste de Curitiba.
Principais municípios: Curitiba, Araucária, Campo Largo, Almirante Tamandaré, Colombo, Campo Magro, Balsa Nova, Contenda, Lapa, Porto Amazonas, Palmeira, Fernandes Pinheiro, Teixeira Soares, Irati, Prudentópolis, Guamiranga, Imbituva, Ipiranga e Ponta Grossa, entre outros.
Lote 2 – 16/03 (3ª feira) – 9h às 12h
Trechos: BR 277 (entre Curitiba e Paranaguá) / PRs 407 e 508 (acesso ao litoral) / PR 151 (Ponta Grossa, Jaguariaíva até Sengés) / PR 092 (Jaguariaíva até Santo Antonio da Platina) / BR 153 (Santo Antonio da Platina até Jacarezinho) / BR 369 (Jacarezinho até Cornélio Procópio).
Principais municípios: Curitiba, São José dos Pinhais, Piraquara, Morretes, Antonina, Paranaguá, Pontal do Paraná, Matinhos, Ponta Grossa, Carambeí, Castro, Piraí do Sul, Jaguariaiva, Sengés, Arapoti, Wenceslau Braz, Siqueira Campos, Quatiguá, Joaquim Távora, Santo Antonio da Platina, Jacarezinho, Cambará, Andirá, Bandeirantes, Santa Mariana e Cornélio Procópio, entre outros.
Lote 3 – 17/03 (4ª feira) – 9h às 12h
Trechos: BR 376 (entre São Luiz do Purunã, Ponta Grossa até Apucarana e Jandaia do Sul) / Região Norte (Arapongas, Rolândia, Cambé, Londrina) / PR 445 (entre Mauá da Serra e Londrina) / PR 373 (Londrina até Sertanópolis).
Principais municípios: Ponta Grossa, Tibagi, Imbaú, Telêmaco Borba, Ortigueira, Faxinal, Mauá da Serra, Marilândia do Sul, Califórnia, Apucarana, Cambirá, Jandaia do Sul, Mandaguari, Tamarana, Guaravera, Irerê, Arapongas, Rolândia, Cambé, Londrina, Ibiporã, Sertanópolis e Sertaneja, entre outros.
Lote 4 – 18/03 (5ª feira) – 9h às 12h
Trechos: BR 376 (entre Maringá, Paranavaí, Nova Londrina e Diamante do Norte) / PR 323 (entre Maringá, Cianorte, Umuarama e Guaíra) / BR 376, PR 444 e BR 369 (entre Maringá, Arapongas, Londrina e Cornélio Procópio).
Principais municípios: Maringá, Mandaguaçu, Presidente Castelo Branco, Nova Esperança, Alto Paraná, Paranavaí, Guairaçá, Loanda, Nova Londrina, Itauna do Sul, Diamante do Norte, Paiçandu, Doutor Camargo, Terra Boa, Jussara, Cianorte, Tuneiras do Oeste, Tapejara, Cruzeiro do Oeste, Umuarama, Perobal, Cafezal do Sul, Iporã, Francisco Alves, Terra Roxa, Guaíra, Sarandi, Marialva, Mandaguari, Arapongas, Rolândia, Cambé, Londrina, Ibiporã, Jataizinho, Assaí, Uraí e Cornélio Procópio, entre outros.
Lote 5 – 19/03 (6ª feira) – 9h às 12h
Trechos: BR 369 (entre Cascavel, Campo Mourão e Maringá) / BRs 467 e 163 (entre Cascavel, Toledo e Guaíra).
Principais municípios: Cascavel, Toledo, Quatro Pontes, Marechal Cândido Rondon, Mercedes, Terra Roxa e Guaíra, Corbélia, Anahy, Ubiratã, Juranda, Mambore, Campo Mourão, Peabiru, Engenheiro Beltrão, Itambé, Floresta e Maringá, entre outros.
Lote 6 – 19/03 (6ª feira) – 14h às 17h
Trechos: BR 277 (entre Foz do Iguaçu, Cascavel e Guarapuava até o Trevo do Relógio) / BR 163 (entre Cascavel, Cap. Leônidas Marques – Sudoeste) / PR 280 (entre Realeza, Francisco Beltrão e Pato Branco).
Principais municípios: Foz do Iguaçu, Santa Terezinha do Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Medianeira, Matelândia, Céu Azul, Santa Tereza do Oeste, Cascavel, Catanduvas, Ibema, Campo Bonito, Guaraniaçu, Nova Laranjeiras, Laranjeiras do Sul, Virmond, Cantagalo, Candói, Guarapuava, Prudentópolis, Lindoeste, Santa Lucia, Capitão Leônidas Marques, Realeza, Ampere, Manfrinópolis, Francisco Beltrão, Marmeleiro, Renascença, Vitorino, Pato Branco, Mariópolis, Clevelândia, Palmas e General Carneiro, entre outros.
Texto: Débora Reusing – Comunicação Crea-PR
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