Dia da Consciência Negra é marcado por homenagem a primeira Engenheira negra do Brasil
20 de novembro de 2018, às 17h55 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos
Enedina Alves Marques nasceu no dia 13 de janeiro de 1913, em Curitiba, Paraná. Filha de doméstica, foi apadrinhada pelo delegado, major, e patrão de sua mãe, Domingos Nascimento Sobrinho, que a incentivou e ajudou a ingressar nas melhores escolas da cidade. Anos depois, em 1945, Enedina se tornou a primeira mulher negra Engenheira Civil formada pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Paraná.
Após 73 anos de sua formação em Civil, completados em 2018, a UFPR dedicou uma placa em sua homenagem. A cerimônia aconteceu nesta terça-feira (20), no Campus Politécnico da UFPR, e contou com uma grande quantidade de alunos presentes, de Diretores da Universidade e também autoridades das Engenharias, como: o Reitor da UFPR, Ricardo Marcelo, o Presidente do Instituto de Engenharia do Paraná, Eng. Civ. José Lacerda, o Diretor do setor de tecnologia da UFPR – Politécnico, Eng. Eletric. Horácio Tertuliano Filho, e o Presidente do Crea-PR, Eng. Civ. Ricardo Rocha.
“Gostaria de parabenizar a UFPR pela justa homenagem a primeira Engenheira negra do Brasil. Uma mulher paranaense guerreira que o Sistema Confea/Crea já teve a oportunidade de reconhecer o seu trabalho na homenagem do Livro do Mérito, em 2006, durante a 63ª Soea (Semana Oficial da Engenharia e Agronomia). Espero que seja a primeira de muitas para esse exemplo de mulher e de Engenheira Civil.”, comentou o Presidente do Crea-PR sobre a homenagem.
Enérgica e rigorosa, Enedina sempre se destacou pois, além de ser mulher negra em 1950, era uma Engenheira em um ambiente majoritariamente ocupado por homens. Uma de suas maiores obras foi a construção da Usina Capivari-Cachoeira, atualmente a maior central hidrelétrica subterrânea do sul do país com a capacidade total instalada de 260 MW. Enedina também trabalhou no Plano Hidrelétrico do Estado, além de atuar no aproveitamento das águas dos rios Capivari, Cachoeira e Iguaçu.
“O trabalho da Enedina é digno de homenagem. Mesmo cercada de preconceitos, enfrentando diversos percalços e desafios, ela nunca baixou a cabeça, sendo um exemplo a ser seguido não só por mulheres ou negros, mas por todos”, comentou o docente e Diretor do setor de tecnologia da UFPR – Politécnico, Eng. Eletric. Horácio Tertuliano Filho.
Confira fotos da construção da Usina
Uma história curiosa de Enedina durante a construção da Usina é que ela ficou conhecida por usar um macacão e portar uma arma na cintura, onde, quando desrespeitada, atirava para o alto sempre quando fosse necessário “manter o respeito”.
Um dos grandes reconhecimentos prestados a Enedina foi a construção do Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques, em Maringá-PR, no ano de 2006. Também, em 2014, o historiador Jorge Luiz Santana apresentou sua tese de doutorado “Rompendo Barreiras: Enedina, uma mulher singular”, na Universidade Federal do Paraná, onde realizou um profundo estudo sobre a vida de Enedina, seus feitos e superação.
O Reitor da UFPR Dr. Ricardo Marcelo Fonseca encerrou a homenagem inaugurando a placa memorial e realizando uma fala enaltecendo a força de Enedina. “O papel que essa Engenheira teve na nossa história foi imprescindível. Isso deve criar raízes, não deve se tornar algo meramente simbólico. É a primeira Engenheira daqui, é a primeira Engenheira negra do Brasil. A Universidade Federal do Paraná sempre pregou a diversidade que a Enedina representa e sempre representou, essa pluralidade é riqueza, e isso tem que continuar. A UFPR cresceu, não só fisicamente, mas também na questão da inclusão. Que a memória de Enedina sirva de inspiração a todos e todas”, finalizou o Reitor da Universidade.
Confira fotos do evento:
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